O Direito Internacional da Agua tem vindo a admitir uma progressiva economicização da água, a integração de uma lógica económica na regulação dos serviços de água, com a também consequente tendência para proteger os investimentos estrangeiros no sector. De outro lado, assiste-se a decisiva consagração internacional de um direito humano à água. Estas duas tendências do mais moderno tratamento normativo das questões internacionais da água pareciam conduzir a uma colisão necessária de direitos e progressos normativos. Contudo, mais recentemente, a litigiosidade potencial destas linhas de evolução deu lugar a efectivos casos judiciários, nomeadamente no seio do Centro Internacional de Resolução de Litígios sobre Investimentos, que, inesperadamente, antes têm redundado numa progressiva jurisprudência de ponderação de factores diversos da qual já parece possível extrair uma tendência para harmonizar aqueles desenvolvimentos normativos até há pouco tidos como inevitavelmente colidentes.